quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Exorcismo

Hoje não quero saber se estás bem ou mal. Não quero saber se estás furioso, doente ou triste. Não quero saber se existes. Queria apenas ter na mão um punhal preto e prata, de ritual, para exorcixar os meus espirítos, o meu mal.

Com ele cravava-te o coração, mas olhos nos olhos; haverias de ver o meu olhar enquanto eu te matava lentamente, com a lâmina afiada e sem misericórdia, não um olhar demente, mas lúcido, perfeitamente ciente do crime que estava a cometer.

No fim de contas, estava a cometer o mesmo crime que tu.
Apunhalaste-me mesmo no coração, sem miserocórdia nem perdão, mas desviaste o olhar, pois não querias ver o sangue.

Olho por olho, dente por dente; o que entre nós haveria de ser diferente é que eu te iria olhar nos olhos, para que soubesses que era eu a criminosa, e que não tinha medo de te enfrentar, de te magoar, e de te deixar nas sombras.

Deixaste-me morrer, mas renasci. Falta fazer o mesmo a ti.

Sem comentários: